MAGAZINE CASASHOPPING
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aleias encalhadas, mercadores de prata, o
advento do telégrafo, o pasto para gado,
a reabilitação de doentes, a bossa nova, a
moda praia e a defesa de nosso território. Embora
não pareça, todos esses itens têm um endereço em
comum: a história de Copacabana. “No começo era
tudo um areal “, diz a Eneida, em sua introdução. E
na odisseia do bairro, não foi diferente. Enquanto o
Rio de Janeiro crescia do Centro para a futura Tijuca
e, mais lentamente, para Botafogo, Copacabana per-
maneceria intocada por muito tempo, separada da
cidade por uma intrincada cadeia de morros.
OnomeCopacabana veioda Bolívia e significa “mi-
rante azul”, referente à península que dominava o
Lago Titicaca, onde surgiu o culto àNossa Senhora da
CandeláriadeCopacabana. Umadas imagens chegou
ao Rio através de mercadores de prata bolivianos e
ornou, no século XVII, a nave da Igreja da Misericór-
dia, no Centro. A imagem chegaria à pequena igreja
de Nossa Senhora da Conceição, no promontório da
Barra do Arpoador, até ametade do século XVIII (Bra-
sil Gerson fala em 1858, embora Gastão Cruls cite
evidências anteriores a 1746). Os rudes caminhos de
acesso doCentro a esse areal eram ligados à igrejinha
por uma trilha, conhecida na época como oCaminho
de Nossa Senhora de Copacabana.
No século XVII, a área denominada Sacopenapan
ia do Leme até a Avenida Niemeyer e englobava a
Lagoa Rodrigo de Freitas. Apropriedade foi sucessiva-
mente cedida a diversos fidalgos daCorte, tendo sido
memória
Da calmaria urbana à turbulência cultural, um
retrato em preto e branco de Copacabana
COPA
CABANA
David Cardeman
Foto Marc Ferrez