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memória
A igrejinha de Copacabana, segundo o pintor Giovanni Battista Castagneto
FigueiredoMagalhães, que promoveu uma linha regular de
transporte de carruagem desde as freguesias do Centro.
A chácara que mantinha como propriedade se estendia
entre o prolongamento da Ladeira e da Rua do Barroso e
uma rua que batizou com o próprio nome. Porém, face à
dificuldade de se chegar ao bairro pelos acessos tortuosos
através dos morros que o cercavam e a grande distância
que o separava do Centro, o local continuou como um
imenso areal, apesar de parte do bairro já contar com
estruturas urbanísticas como a rede de esgotos.
Somente em 1892, com a inauguração do Túnel Ve-
lho, ligando a rua Real Grandeza com a rua do Barroso
(atual Siqueira Campos) para dar passagem ao primeiro
bonde de tração animal é que começou a ocupação de
Copacabana. Dois anos após, o bairro começa a ganhar
seu desenho atual, com a aprovação de um projeto para
a abertura de diversas ruas pelas firmas de engenheiros
como Teodoro Duvivier, Antonio de Paula Freitas e por
proprietários como Conrado Niemeyer, Constante Ramos
e José Antonio Moreira Filho, o Barão de Ipanema, todos
devidamente lembrados com ruas em Copacabana.
A modernidade chega ao bairro em 1901, quando pas-
sarama circular os primeiros bondes elétricos, que cruzam
o Túnel do Leme, aberto em1906, dentro do conjunto de
reformas do Prefeito Pereira Passos. Essas reformas pre-
viam também de morros na areia, com vistas à abertura
da Avenida Atlântica. Isso mudaria o perfil de um bair-
ro que tinha a praia não como frente de suas casas,
mas como fundos – todos preferiam ficar de frente
para a Avenida Nossa Senhora de Copacabana. Com
isso, já em 1909, é anunciado, na praia do Leme,
o metro quadrado de terreno mais caro da cidade.
Com a inauguração do cinema Copacabana, o primeiro
do bairro, a moda chega à região antes mesmo de uma
estrutura social, que é exigida pelos próprios moradores,
em abaixo-assinado protocolado na prefeitura em 1910,
que reivindicava escolas infantis e profissionalizantes, posto
de pronto-socorro e praças ajardinadas.
Em 1917, pouco mais de 20 anos após o início dos
projetos de aberturas das vias da região, o bairro já con-
tava com 45 ruas, quatro praças, uma avenida, duas
ladeiras e dois túneis. Em três anos, a população local
superaria marca inacreditável na época: 22 mil habitan-
tes, menos de um décimo da de hoje. Entre os motivos,
o alargamento do Túnel Velho e a abertura da Avenida
Atlântica, ao longo da qual se sobressairia, na década
seguinte, a fachada do Copacabana Palace, já em 1923.
É nesse momento em que o bairro é lançado ao
estrelato internacional, com a afluência de gran-
des personalidades do cinema mundial aos salões e
corredores do hotel. Dali aos anos 1960, os movimen-
tos musicais proliferaram em Copacabana, na esteira
do surgimento de boates e bares de música ao vivo,
inclusive aqueles que viram o surgimento da bossa
nova. Nessa irreverente marcha social, cultural e com-
portamental do bairro, o testemunho de moradores
intelectuais como Rubem Braga, que deixou o lega-
do de seu depoimento em uma de suas obras primas:
“Ai de ti, Copacabana...!”
Imagem reprodução