MAGAZINE CASASHOPPING
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m 2.800 anos a.C. já se fazia
queijo no mundo. A receita?
Bem, queijo é daqueles “aciden-
tes”, como o puf! de Dom Perignon,
que a gente tem que levantar as mãos
e agradecer a bendita hora em que um
desatento da vida (amém) deixou um
pote de leite cru ao relento. Deu no
que deu: azeitou. E foi aí que o homem
pôde ver que os sólidos (coalhos) e os
líquidos (soro) se separaram e, mais do
que isso: descobriram que o mais pre-
cioso dos seus alimentos, o leite, podia
ser desfrutado de outra forma, a que
demos o nome de queijo.
Hoje, coisa de cinco mil anos depois,
se faz queijo no mundo todo. E com
toda a sorte de leite: do leite de rena
na Lapônia ao de búfala na Itália, pas-
sando pelo leite do iaque do reino do
Butão. E o grande barato de tudo é que
qualquer tipo de queijo pode ser feito
em qualquer lugar do mundo. E ter o
seu próprio sabor. Distinto, único... O
brie brasileiro, por exemplo, hoje usado
por todos os chefs da cidade, é e sem-
pre será um brie “verde amarelo”, por
conta da matéria-prima, do solo, do
gado, pastagem, clima e a próprio pro-
dução da “massa”.
Outra delícia no que se refere ao quei-
jo, são os moldes, as formas usadas
mundo afora. O
tête de moine
, ou seja,
a cabeça de monge, queijo francês an-
tiquíssimo, reproduz a careca de um
dos clérigos responsáveis pela própria
receita da iguaria. Tem o em formato
de coração, lindo; o envolto em ervas, o
redondo, o quadrado, o comprido... Os
franceses, desde sempre os melhores
fazedores de queijos do mundo, têm
a mão no mercado de abastecimento
de Paris, o Rungis, o maior do mun-
do, mais de 450 exemplares de queijos
excepcionais. Cada um com formatos e
sabores distintos.
A queijaria italiana também cresceu
e apareceu, assim como a espanhola.
A portuguesa é mais reduzida, mas de
alta qualidade: são 10 queijos com selo
de origem controlada. Uns conhecidís-
simos nossos, como o Azeitão e o Serra
da Estrela. Outros, que só se conhece
dando um pulo até a Terrinha, caso
do Evora (espetacular), o Ilha Gracio-
sa, o São Jorge, o Serpa.
A queijaria no Brasil começa com a
chegada das primeiras cabeças de ga-
dos nas fazendas baianas por volta de
1534. Nossas influências, claro, são
portuguesas. Mais precisamente, o
Serra da Estrela, que imigrantes por-
tugueses tinham como modelo para
reproduzir seus exemplares. Minas é o
nosso celeiro. Dos 853 municípios mi-
neiros, 500 fazem o seu próprio queijo
Edam: três séculos de queijo Holandês no Brasil
Foto © Shawn Hempel | Dreamstime.com