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artesanal. Bahia, Pernambuco e Cea-
rá também colaboram com os coalhos,
os queijos manteiga, os requeijões.
Mas são de Araxá, Canastra, Alto
Paranaíba (Cerrado) e do Serro, de
onde chegam os mais nobres exem-
plares brasileiros. O queijo do Serro,
por exemplo, vem sendo feito desde
o século XVIII exatamente da mesma
forma. Virou Patrimônio Imaterial em
2002. Em 1772, auge da extração de
pedras preciosas em Minas Gerais, o
então governador do estado chegou
e determinou que todas as “bolachas”
de Serro fossem furadas para fiscali-
zação: é que a turma andava contra-
bandeando diamante no meio de sua
massa densa.
E quando falamos em queijo de mi-
nas, estamos, na verdade, nos referin-
do a uma versão de queijo Serro, só
que menos maturado. O Minas conta
com uma classificação própria: pode
ser frescal, semicurado, duro e coa-
lho. Mas além desses, é mais fácil es-
barrar com queijos de receita francesa
(brie) ou italiana (gorgonzola) nas pra-
teleiras dos supermercados, do que
com Canastra, Serro ou Araxá.
Alguns queijos nossos são derivados
de queijos europeus, como é o caso
do Palmyra, o queijo “borboleta”, na
verdade, uma adaptação do holandês
Edam. Uma curiosidade: sabe qual é
o queijo mais produzido e vendido no
Brasil? A mozarela! Disparado.
Que tal um chamado Bastardo? É
só conferir na plaquinha que o acom-
panha: Bastardo dell Grappa! Outros
trazem nomes enormes. Caciocavallo
di Castelfranco in Miscano. Cacioca-
vallo é queijo cavalo e este especifica-
mente é feito entre Castelfranco e Be-
nevento. É adocicado, uma coisa... Mar-
cetto, de ovelha, vem no potinho de
cerâmica. É primo do pecorino, rosado,
pastoso, forte e picante. O Canestrato
di Casltel del Monte é moldado na ces-
ta de palha e traz todo o trançado da
palha gravado na casca.
Mas a migração italiana foi ainda
mais forte. Temos Fontina, Raschera,
Montasio... Não parece escalação do
Azurra? E tem Pecorino, Taleggio, Cas-
telmagno, Murazzano, Bitto e mais,
bem mais. A seleção de queijos italia-
nos é enorme. Folheando o “
Forma-
ggi d’Itália
” guia do Slow Food, che-
guei a 403 tipos (assim mesmo, com
número quebradinho). São exempla-
res de regiões como a Calábria, Mar-
che, Piemonte, Toscana, Liguria, Sar-
denha, Sicília e por aí se vai “bota” a
dentro (ou fora). Desse total, 205 têm
selo D.O.P, a Denominazioni di Origine
Protetta, reconhecimento máximo de
que o queijo foi feito como manda o
figurino italiano.
gastronomia
Tete de Moine: versão brasileira do clássico francês
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