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ão quatro décadas do florentino Andrea Branzi
com as linhas da natureza. Trabalhando em Milão
desde 1973, ele foi um dos teóricos do movimen-
to radical da arquitetura italiana, que influenciou toda
uma geração, de Frank Gehry a Daniel Libeskind, de Rem
Koolhaas a Bernard Tschumi. Preocupado em pensar o de-
sign e a arquitetura, recentemente, no FuoriSalone 2015,
que toma conta das ruas de Milão durante a Semana do
Design, ele propôs que os estudantes criassem instala-
ções inspiradas no tema da miséria.
Boina, echarpe enrolada no pescoço e redondos ócu-
los com aro de tartaruga, cercado por suas obras, com
pássaros vivos, frutas e flores, Andrea Branzi conseguiu,
dos anos 60 até hoje, manter seu trabalho extremamen-
te contemporâneo e poético. Ele compara a enxurrada
de objetos que nos cerca hoje ao fluxo da cauda de um
cometa representando uma sociedade em contínuo e
rápido movimento de mudança. “O futuro”, segundo
ele, “não será uma sociedade arquitetural, mas uma
sociedade de objetos, que muda sempre e rapidamente
sua representação”.
Radical italiano contra o sistema “Meu trabalho”, afirmou,
“nunca teve um código linguístico reconhecível. Ele muda,
evolui, se renova. É essa mudança que me interessa mais.
Eu crio meus projetos teóricos e experimentais sempre rela-
cionados à evolução da vida humana”. Em 2015, ele foi ho-
menageado com a primeira retrospectiva de seu trabalho no
Museu das Artes Decorativas e do Design em Bordeaux, que
reuniu 140 peças vindas dos Estados Unidos e da Europa.
Antidesign, antissistema, Andrea Branzi começou sua mili-
tância na Florença dos anos 60, quando surgiram grupos de
estudantes de arquitetura frustrados com a estagnação da
profissão e a falta de trabalho. Eles passaram a ser conhe-
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