DESIGN
“Quando compramos um objeto feito à mão, nos co-
nectamos com a pessoa que o criou”, diz Gareth Neal,
artista e designer inglês que mistura história, tecnologia
e trabalho feito à mão em peças que, cada vez mais, têm
atraído a atenção dos colecionadores. Uma delas, a cômo-
da George III, desde 2013, faz parte do acervo do Victoria
and Albert Museum. Gareth, de 41 anos, tem seu atelier
em Dalston, a leste de Londres, que já foi um centro de
artistas da marchetaria, a delicada arte de ornamentar a
superfície da madeira com desenhos misturando materiais
como madrepérola, marfim, a própria madeira ou metais.
Em 2010, ele foi um dos vencedores do concurso “The
Great British Weekend”. Com o projeto “Piquenique
Urbano”, resolveu se inspirar na habilidade histórica do
bairro de trabalhar a madeira, criando um kit que, além
da mesa com cadeiras acopladas, tinha também um con-
junto de tacos para jogar críquete e até um bambolê. As
criações do designer reconstituem, de maneira contem-
porânea e acolhedora, as melhores tradições da história
inglesa, como a mistura de palha e madeira na cadeira
Orkney e no armário estufa da série Brodgar, batizada em
homenagem ao mítico círculo de pedras, um marco do
período neolítico numa das ilhas Orkney, na Escócia.
A cadeira Orkney, com encosto arredondado para pro-
teger dos ventos, é um dos ícones do trabalho de Gareth
Neal e teve sua palha tecida por Kevin Gould, segundo
o designer, uma das únicas duas pessoas que ainda fa-
zem esse tipo de artesanato nas ilhas escocesas. A ca-
deira custa US$ 4.030 e já é uma peça disputada. Numa
parceria com Zaha Hadid, Gareth criou vasos esculturais
para o projeto The Wish List, apresentado ano passado
em setembro no London Design Festival. O objetivo era
promover a colaboração entre novos talentos do design
com arquitetos conhecidos.
O Mindful Living, do Bothy Project: um refúgio, segundo Gareth Neal
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