Como bons lusitanos que somos,
o Brasil já descobriu Portugal
através da touriga nacional. A Dal
Pizzol, por exemplo, já tem nas
boas casas do ramo o seu rótulo
varietal da uva
A outra qualidade da uva é a versatilidade. É uma
das castas que compõem, mesmo em pequenas
quantidades, o
field blend
das antigas vinhas do
Douro e que proporcionam, em curiosa inversão,
alguns de seus vinhos do porto mais modernos. É
o caso do Calém, uma casa com mais de 150 anos,
mas a primeira a ter um rótulo inteiramente feito
com a uva. Entende-se por
field blend
a alegre mis-
tura de várias castas de uva em um campo só – an-
tigamente, o conceito de casta era vago e plantava-
-se de tudo, sem grande distinção.
MAGAZINE CASASHOPPING
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A mesma versatilidade da touriga nacional pro-
porciona surpresas, como os espumantes rosés que
Luis Pato produz na Bairrada, mais ao sul. Ou, entre
os tintos, os rótulos que proliferam em solos tão di-
ferentes da área do Dão, onde se originou. É o caso
do Tejo (antigo Ribatejo), da área de Lisboa (antiga
Estremadura) e, principalmente, do Alentejo, no
centro do país, com um solo bem diferente daquele
que prevalece nos vales ao longo do rio Douro.
Personalidade nacional da touriga em duas regiões distintas, o Douro, com vinhos como a Quinta de la Rosa, e o Alentejo,
no rótulo no pé da página, um varietal da Quinta da Malhadinha Nova. Na foto do centro, a colheita da uva na área do Cima Corgo