Críticos como Richard Mayson
relembram que, desde os
fins dos anos 1800, a touriga
nacional era sinônimo de
fineza do vinho português
MAGAZINE CASASHOPPING
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GASTRONOMIA
Uma das estrelas dessa touriga nacional alentejana está
em propriedades como a Herdade do Esporão e a Quinta
do Arrepiado Velho. A primeira, antiga, venerável em sua
história antiga; a outra, nova, vibrante na história que já tem
para contar. Em ambos, o trato moderno com a uva, erguida
como a autêntica bandeira que é.
Como bons lusitanos que somos, o Brasil já descobriu
Portugal através da touriga nacional. A Dal Pizzol, por exem-
plo, já tem nas boas casas do ramo o seu rótulo varietal da
uva. Tal como os exemplares de ultramar, tem a bela cor rubi
fechada, mas bem refletida no copo, resultado da cor que a
casca da uva, uma das mais robustas das grandes uvas da
Europa, proporciona ao vinho.
O caráter da uva no vinho nacional também corresponde
ao da matriz portuguesa quando vai à mesa. Suas harmonias
mais comuns são as carnes de personalidade como os cordei-
ros. Ou as mais fortes, como a dos cabritos, especialmente
aqueles feitos em ummolho de vinho – um touriga nacional,
de preferência, como costumam fazer, na Borgonha, com o
boeuf bourguignon
.
Os queijos também proporcionam belos encontros com os
vinhos à base de touriga nacional. Vale a pena experimentar
aqueles com a força de um
parmiggiano-reggiano
ou até
um canastra bem curado. Ambos têm um sal que será em
lavado pelo vinho – e uma textura que casam bem com o
corpo musculoso desses vinhos. E, assim, degustado à mesa,
a touriga mostra-se mais nacional do que nunca, tanto aqui,
onde ensaia sua melhor adaptação, seja em Portugal, onde
é, mais do que nunca, nacional.
Cacho de touriga nacional pronta para a colheita e sua folha, com a bandeira de Portugal, inclusive, na cor.
Abaixo, um dos talhões do clássico alentejano Herdade do Esporão