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esas líquidas e luminárias flutuantes desafiam
as leis da matéria no trabalho de Mathieu
Lehanneur. Terapêutico, fluido, tecnológico,
útil e inédito, seu design muda o cotidiano contri-
buindo com objetos que realmente fazem a diferença.
“Você pode viver sem, mas com ele sua vida, com
certeza, fica bem mais bonita”, diz Mathieu. Basta
olhar as imagens de suas duas exposições que rea-
lizou em setembro em Londres: “Spring, a world of
flux” (Primavera, um mundo de fluxo), na Carpenters
Workshop Gallery, e “Liquid Marble” (Mármore
líquido), na Sala de música Norfolk no Victoria &
Albert Museum.
“Há sempre um certo desapontamento quando um ma-
terial, em seu estado natural, se fossiliza. A lava brilhante
e borbulhante se cristaliza em seixos negros. O vidro
incandescente esfria... Tento fazer a matéria retornar à
vida”, afirma o designer, que gosta de reviver o mármore,
o vidro e o alumínio.
Na coleção Spring, uma sensação de renascimento
marca presença em mesas, chandeliers e luminárias. O
vidro está em todas as peças, seja como pele transpa-
rente protegendo a alma dos objetos ou como matéria-
-prima principal, dando forma aos curvilíneos tubos do
chandelier “Les Cordes”, aos globos inflados da nova
versão da luminária S.M.O.K.E ou na superfície dos
painéis laminados nas mesas líquidas.
Mathieu Lehanneur gosta de trabalhar esses materiais
em suas cores naturais, partindo de uma condição quase
primitiva. Mas a simplicidade é apenas aparência, pois há
uma tecnologia sofisticada envolvida. Nas mesas líquidas
de alumínio e de mármore, por exemplo, ele usa efei-
tos especiais em 3D criados com um
software
usado na
indústria cinematográfica. O efeito é incrível, como se o
mar se movesse num delicado
swell
de ondas na superfí-
cie de mármore ou de alumínio.
O mármore líquido do designer também virou piscina
surrealista no pátio do castelo Chaumont-sur-Loire Centre
d’Arts et de Nature. Sobre a pedra verde, Lehanneur
criou efeitos de ondas numa instalação produzida para o
Festival Internacional de Jardins, que acontece na região
até novembro deste ano.
O talento para renovar e suavizar os ambientes faz
de Lehanneur o nome ideal para modernizar prédios
históricos como o Hotel Pullman St. Pancras, em Londres,
e o da igreja de Saint-Hilaire de Melle em 2011. Este
ano, o designer assinou a decoração do reformado Café
Mollien no Louvre. Em 150 metros quadrados, no espaço,
cercado de história e obras de arte, com vista para o
jardim das Tulherias, Lehanneur organizou os 66 lugares
do café em torno de luminárias rosadas e diáfanas. Não
foi por acaso que, em 2014, escolheram o designer para
participar da reforma do Grand Palais com o escritório de
arquitetura LAN.
Mármore Líquido, instalação de Mathieu Lehanneur, instalação do
Victoria & Albert Museum, em Londres
Fotos: M-Giesbrecht