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O quarto, em tons de cinza, tem papel de parede da Orlean atrás da cama, da Lider Interiores.
Para apreciar a paisagem, uma chaise Le Corbusier.
O
s “bolos de sexta” da casa do arquiteto Ronald
Goulart e do designer de interiores Junior Grego
já se tornaram objetos de desejo na cidade.
Quem ainda não foi convidado não vê a hora de pro-
var as delícias e delicadezas desse
put together
que se
tornou uma tradição.
O cenário também é uma beleza: o apartamento, de
400 metros quadrados, fica num dos prédios mais boni-
tos do Rio, projeto em estilo eclético do arquiteto Joseph
Gire, o mesmo do Copacabana Palace, e que está perto
de completar 100 anos. Charme extra do imóvel são as
varandinhas do andar, com grades em
fer forgé
e as duas
chambres de bonne
, na mansarda, onde eles instalaram
uma pequena academia e um miniescritório.
Não por acaso Júnior acha que a cozinha é o coração
da casa. E Ronald concorda. “Sou um interiorano sem
culpa e a cozinha é o local que mais gosto de receber.
Por isso, quando reformamos o apartamento, fiz questão
de abri-la para a sala de jantar que comporta 12 pessoas
sentadas. Equipamentos modernos, louças, copos, ta-
lheres e jogos americanos são as minhas paixões. Apesar
de não ser um grande conhecedor de vinhos, tenho uma
pequena adega para agradar aos amigos, e os vinhos
verdes são meus preferidos. Mas confesso que me arrisco
sem muita ousadia nas panelas”.
Se a cozinha é fundamental para a dupla, cada um
confessa que tem um lugar favorito. Para Junior é o
quarto, se bem que, quando lê ou ouve música, adora
ficar na sala, com as janelas abertas desfrutando da brisa
e dando uma espiada no Pão de Açúcar. Para Ronald, é
a sala de TV, onde relaxa vendo os seriados na compa-
nhia do mascote da casa, um buldogue inglês que tem
nome e sobrenome: Jorge Oamado. Para ler, entretanto,
o arquiteto fica “esparramado” em sua
chaise longue
Le
Corbusier estrategicamente colocada no quarto. E como
adora histórias verdadeiras, seu livro de “chaise”, no
momento, é a biografia de Eufrásia Teixeira Leite, que foi
dona de 7% do PIB nacional no tempo do Império.
O arquiteto frisa que viver num apartamento que está para
completar seu centenário – e que já foi moradia do escritor
João Cabral de Mello Neto – é a embalagem perfeita para
quem admira o passado sem perder o olho no futuro. “Para
mim é um luxo conviver com
parquets versailles
originais,
dobradiças de latão polido, portas almofadadas, sancas e
marcenarias que, há anos, silenciosamente, contracenaram
com seus moradores. Mas traz muitos desafios. Tivemos a
sorte da reforma anterior ter sido feita pela querida amiga e
arquiteta Paula Neder. Dei continuidade a um conceito usa-
do por ela, os spots pendurados em cabos suspensos. Esse
artifício possibilita a utilização de pontos de luz sem precisar
rebaixar os tetos, perder o pé-direito alto ou as sancas”.