MAGAZINE CASASHOPPING
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Um dos quartos foi transformado num confortável
home office
onde Ronald e Junior fazem seus projetos.
Nas estantes, objetos afetivos da dupla
Júnior, que cuida da imagem de nove lojas, cada uma
com seu estilo, gosta de tudo o que tem em casa porque
todos os objetos têm história. “Sou apaixonado por arte,
por todos os trabalhos que temos. Mas acho que está
faltando... queria um Krajcberg, uma Tarsila do Amaral
e um Milton Dacosta”, confessa ele. Modesto, já que
Ronald voa mais alto e se diverte contando que queria,
apenas, uma tela de Picasso e outra de Monet.
Lembranças e mudanças
De fato, a arquitetura do lugar remete aos prédios
franceses e não tem nada de tropical, a não ser a vista
deslumbrante da baía da Guanabara. Uma mistura
bem temperada, diga-se de passagem. Com cinco
quartos, um hall-galeria, amplo living, a decoração
da casa tem também um estilo europeu e elegante,
sem excessos, com um clima bem masculino. Muitos
objetos são heranças de família como os relógios de
parede, quadros pintados pelo pai de Ronald, arqui-
vos de papéis. Uma ideia original foi transformar uma
mesa antiga de banquete em dois aparadores que se
destacam na cozinha, onde foram chumbados nas pa-
redes. Mas os objetos de amigos também se espalham
pelos ambientes.
“Sou muito apegado a memórias e afetos. Gosto de
ver peças que contam a minha história, a nossa histó-
ria, já que divido espaço, sonhos e vida com Junior há
mais de uma década. Adoro vê-las pontuando os espa-
ços, sem me importar com o valor artístico, estético ou
econômico que ele representa. O que importa é a lem-
brança que me traz. Presente de amigo nunca é escon-
dido ou trocado. São usados e destacados. Tenho uma
enorme coleção de um artista plástico, Clayton Assaf,
parte adquirida por mim, parte presente dele. Exponho
todas com muito carinho”, diz Ronald, contando que
em sua opinião existe uma leva muito interessante de
artistas, com conceitos e formas diferentes. “Fiquem
de olho no pintor paulista Rafael Hayashi. Comprei
trabalhos dele durante a Art Basel, em Miami”.
Muito apegado a lugares, o arquiteto tem destinos
constantes, adora Portugal e França. “Meu corpo
viaja, mas minha alma mora em Paris, e meu coração
em Lisboa. Nossos verões, há anos, são passados em
Cascais ou no Algarve. São lugares que nos fazem
felizes. Milão e Barcelona são cidades onde vou para
me inspirar, para estudar e pesquisar, mas acho que
nossos designers têm trabalhos que não deixam nada
a desejar a nenhum outro lugar do mundo, como, por
exemplo, o Ronald Sasson e o Bruno Faucz”.
No momento, Ronald divide-se trabalhando bastan-
te em projetos corporativos, que ele acredita ser um
exercício de racionalidade e exatidão e em reformas
de apartamentos, restaurantes e casas. Há mais de
25 anos, quando ainda não era moda, ele já tinha
seu home office, mais por praticidade do que por
tendência. Palavra que, aliás, ele não gosta, apesar
de apontar o cinza e o cobre como as cores da vez.
Junior, ao contrário, só faz trabalhos em casa quando
precisa terminar um layout ou escolher produtos, mas,
na maior parte do tempo, está cuidando do visual das
empresas
in loco
. E divergem quanto às reformas que
precisam ser feitas no apartamento. Enquanto Junior
acha que a bola da vez é a sala de TV, Ronald, que
adora uma mudança, quer reformar o escritório que,
segundo ele, sempre foi o cômodo mais inacabado da
casa. “Outro que está na nossa mira é o corredor dos
quartos, que é também a pista de corrida do Jorge.
Já tenho um projeto de fazer molduras de parede que
serão azul marinho. Quero que as telas que forem
colocadas pareçam flutuar.” Sonhos? Ronald adoraria
ser chamado para fazer um Museu. E, se pudesse,
reformaria a Cinelândia e o Aterro do Flamengo.
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