

As origens das
favelas cariocas
Ao regressarem ao Rio, em 1897, após a Guerra
de Canudos, soldados que não receberam o
prometido soldo acabaram invadindo terras,
indo morar em uma região que ficou conhecida
como Morro da Favela. O nome foi dado
em homenagem a um morro que ficava em
Canudos e era repleto de faveleira, uma planta
local. Cerca de 120 anos depois, o lugar é hoje
uma das comunidades mais conhecidas do Rio:
o Morro da Providência, que fica atrás da Central
do Brasil. As primeiras casas seguiam, inclusive,
o mesmo formato das construções existentes
em Canudos. Além dos soldados, ex-escravos
e moradores de cortiços, como o Cabeça de
Porco, demolido pela prefeitura em 1893, para
“higienização pública”, acabaram indo morar
lá. O local, apesar de desvalorizado pelas classes
mais abastadas, era estratégico pela proximidade
com o cais do porto, com fábricas e usinas.
O “bota-abaixo” do prefeito Pereira Passos,
no início do século XX, incluía a demolição
dos cortiços, contribuindo para o adensamento
sem controle dos morros. Aos poucos, surgiram
construções semelhantes em outras áreas da
cidade, especialmente na região central e na
zona sul, onde era fácil o acesso ao mercado
de trabalho. Mas não tinha um plano
habitacional para abrigar esses imigrantes,
principalmente nordestinos.
No censo de 1948, já se registrava uma
população de 138.837 habitantes morando
em 105 favelas, o que representava 7% da
população da cidade. Com o crescimento da
cidade e de oportunidades de trabalho na Zona
Oeste, também começaram a surgir favelas no
local, fruto não só das ocupações irregulares
como das políticas de remoção de
comunidades e assentamento
feitas pelo próprio governo.
Fotos: Acervo AGCRJ
No alto, o Morro da Favela, onde hoje fica o Morro da Providência e, embaixo, a Rocinha nos primórdios da sua ocupação.
• • diversidade
144
|
MAGAZINE CASASHOPPING