

Abaixo e ao lado, casas de sapê
em foto recente do Morro da Babilônia.
“A violência contribuiu para que esses programas
passassem a não cumprir o seu papel. Como res-
ponsabilizar um colega que venha tentar impedir a
realização de uma obra por considerá-la irregular,
se o Estado não é capaz de permitir que seja apli-
cada a lei e a ordem? De qualquer forma, o não
investimento em conservação da infraestrutura
gera cenário de risco absoluto. Até porque as fave-
las ocupam áreas delicadas, como a beira de rios e
encostas”, complementa Gerônimo.
O recrudescimento da violência e a volta da cir-
culação de traficantes e milicianos em comunida-
des cariocas parecem não impactar no fôlego das
construções, que crescem a olhos vistos, especial-
mente para cima. Uma expansão que o Instituto
Pereira Passos (IPP) não mensura, já que o cresci-
mento vertical de comunidades não é calculado
por seus técnicos, assim como o adensamento dos
lotes. Em termos de variação horizontal, o último
levantamento do instituto baseado em imagens
de satélites registrou, entre 2017 e 2018, um
aumento médio de 0,53% (ou 246.646m
2
) na
área ocupada pelas favelas do Rio de Janeiro, que
somam 46.861.200m
2
. A área total, no entanto,
diminuiu 60.205m
2
levando-se em conta a série
histórica dos últimos dez anos.
“A comunidade não tem mais tanto para onde
se expandir, por isso cresce para cima. E, mesmo
com a crise, as pessoas se programam para ter um
ambiente melhor, para ter a casa dos sonhos, e já
podem até pagar alguém para fazer isso. Aquela
cena comum de, no domingo, todo mundo se jun-
tar para bater uma laje e depois fazer uma feijo-
ada coletiva é cada vez mais rara”, finaliza Omar
Britto, fotógrafo da Favelagrafia e morador da
Babilônia que registrou os casebres de sapê cita-
dos no início da reportagem. • •
Fotos Omar Britto / Favelagrafia
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