QUEM TEM
PERNA CURTA?
TEXTO: ANTONIA LEITE BARBOSA | ILUSTRAÇÃO: SILVANA MATTIEVICH
Q
uando Pinóquio, personagem do célebre conto in-
fantil, mentia, o seu nariz crescia. Por muitos anos eu
acreditava e temia que o meu nariz poderia crescer,
até que um dia parei de acreditar. E passei a mentir com mais
frequência. Mentirinhas por conveniência, para melhorar a
convivência em sociedade, para ser educada, mentirinhas
“brancas”, uma categoria que não traz consequências mui-
to graves, não machucam ninguém. Pelo contrário, poupam
magoar quem nos é caro. Mas não deixo de pensar que
tem gente que mente demais, descaradamente, e que, se
Pinóquio fosse mais do que uma fábula, essas pessoas te-
riam muita dificuldade em passar pela porta de casa.
Conheço muitas mulheres que manipulam as finanças da
casa com tamanha perfeição que operação Lava-Jato ne-
nhuma seria capaz de desmascará-las. Exemplo que ouvi da
boca de uma conhecida que não trabalha e vive de mesa-
da do marido: ela faz uma despesa alta numa loja de grife
com cheques próprios pré-datados que vai substituindo com
o gerente da loja, mês a mês, pelo cheque que consegue
arrancar do marido no mês corrente, com a desculpa de
que precisa ir num médico, comprar material escolar para
o filho, e sabe-se lá o que mais entra no repertório. Uma
outra, que tem compulsão por sapatos, passou a guardar
as novas caixas em baixo da cama depois de fazer um pacto
MAGAZINE CASASHOPPING
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CRÔNICA URBANA
