“Na época, as mulheres que frequentavam a Bauhaus
nem sempre dividiam as aulas de arquitetura e dese-
nho técnico com os homens. Em geral, eram direciona-
das para atividades consideradas mais femininas, como
tecelagem ou cerâmica”, observa a pesquisadora Luiza
Proença, curadora do MASP (Museu de Arte de São
Paulo), que recentemente participou da pesquisa
para a exposição
Bauhaus Imaginista: Aprendizados
Recíprocos
. Segundo Luiza, elas levaram a Bauhaus
para outros rumos. Ao misturar as técnicas tradicio-
nais de tecelagem, observadas nas culturas populares,
com arte moderna, abriram caminho para a Fiber Arts
dos anos 1960, onde se destacam nomes, como Sheila
Hicks e Lenore Tawney.
Em março, todos os países que fizeram parte do pro-
jeto Bauhaus Imaginista se encontrarão na Casa das
Culturas do Mundo, em Berlim. As comemorações
internacionais do centenário revelam como a Bauhaus
produziu novas conexões no mundo. Efeito que só foi
possível ironicamente depois do fechamento da escola
pelos nazistas em 1933. Seus integrantes viajaram para
a Inglaterra, os Estados Unidos, o México e a Suíça.
Josef e Anni Albers foram para o Black Mountain
College na Carolina do Norte. Josef abriu a cabeça dos
alunos para a arte como performance, e Anni conquis-
tou seguidores na Fiber Arts. O pintor húngaro László
Moholy-Nagy, responsável pelas artes gráficas dos
cartazes e livros da Bauhaus e por uma das oficinas
mais bem-sucedidas, a do metal, foi para a Inglaterra.
Deslocado, partiu para os Estados Unidos, onde che-
fiou a Nova Bauhaus, em Chicago, deixando como
legado a criação da caneta Parker em 1951.
Gropius lecionou arquitetura de 1937 a 1951 em
Harvard. Andou pelo Brasil irritando Oscar Niemeyer
ao dizer para o arquiteto que sua recém-construída
Casa das Canoas era bonita, mas não multiplicável.
Em 1938, foi curador da primeira exposição no MoMa
sobre seus anos de diretor da escola. • •
Fotos Museu Arquivo Bauhaus, reprodução Markus Hawlik
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