

O empresário Ney Suassuna, presidente da Associação Comercial e
Industrial da Barra da Tijuca (Acibarra) e diretor-presidente do Colégio
Anglo-Americano, foi um dos primeiros moradores do Nova Ipanema e
conta como foi rápido o processo de transformação do bairro na época:
“Quando o Nova Ipanema foi lançado, comprei um apartamento, mas
não havia escola por perto, então, juntei todos os meus conterrâneos
paraibanos para construirmos uma. Eu disse ‘aqui eles nos chamam de
paraíbas, de forma pejorativa, acham que somos cidadãos de segunda
categoria. Vamos provar que não somos: temos quatro meses para
construir uma escola’. E, assim, em três meses e meio, construímos”.
Quando a praia venceu as urnas
Em 1987, donos de terras, imobiliárias, escolas, shoppings, agências
de publicidade e outros empresários, organizados na Acibarra, lança-
ram campanha para que o bairro se tornasse autônomo em relação ao
município do Rio. O argumento era que os impostos pagos não volta-
vam em forma de serviços ou infraestrutura para o local.
Já para os que criticavam a ideia da separação, como o próprio Lúcio
Costa e a prefeitura – comandada na época por Saturnino Braga –, o
que estava por trás da campanha era a tentativa de grupos econômicos
passarem a ter domínio político. A proposta de autonomia foi aprovada
nas urnas, mas não com votos suficientes para criar o município.
Durante a gestão de Marcelo Alencar, no início dos anos 1990, foi
implantado o projeto Rio-Orla: a Av. Sernambetiba foi duplicada e
ganhou canteiro central, transformado em jardim, com estacionamento
e retorno – exatamente como Lúcio Costa não gostaria que ocorresse. O
programa também dotou as praias de calçadão para os pedestres e pistas
para os ciclistas, postos de salvamento e quiosques para alimentação.
Depois, a Avenida das Américas foi alterada durante o primeiro man-
dato do prefeito César Maia, quando se transformou numa grande
autoestrada, primeiro sendo duplicada e depois ganhando pistas auxi-
liares para fazer a ligação interna do bairro, conforme previa o Plano
Lúcio Costa.
A década foi fortemente marcada pela construção de edifícios comer-
ciais e de escritórios. Não se sabe se, devido a isso, ou como causa, a
sede de grandes empresas tenha se transferido para o bairro, aumen-
tando o contingente populacional. Também foi, a partir daí, que o
turismo ganhou importância na Barra da Tijuca, e redes de hotéis se
instalaram na região, assim como os shoppings se multiplicaram.
“O avanço das telecomunicações permitiu uma descentralização das
atividades comerciais que antes não era possível. Isso fez com que mui-
tas empresas se deslocassem para a Barra, com seus prédios modernos
e inteligentes. O Condomínio Novo Mundo, já do fim da década de
1990, não é mais uma Ipanema ou um Leblon passados a limpo, mas
um mundo inteirinho passado a limpo. Ele proporciona não só moradia
Foto cedida por Nair de Paula Soares
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