centrismo, ou seja, quando o sentimento de onipotência
é que rege o seu comportamento. Fazem compras no car-
tão de crédito, ou usam o artifício do cheque pré-datado,
fantasiando que terão uma solução mágica para saldar
esta dívida. Todo mundo deve conhecer alguém que pre-
enche ao menos uma dessas características.
Hoje posso afirmar que sinto muita falta da minha
infância. Passei boa parte dela querendo parecer mais
velha, ansiosa para conquistar minha independência.
Quando fui morar sozinha, etapa tão importante no
meu processo de amadurecimento, colei estrelinhas
que brilham no escuro no teto do meu quarto e pen-
durei um alvo de dardo na parede da sala. Hoje, casada
e mãe de dois filhos e madrasta de um adolescente,
uso minha família como pretexto para continuar com-
prando Toddynho, Danoninho e biscoito Maizena, que
como com Nutella na calada da noite.
Sempre adorei jogos de cartas, de tabuleiro (com ex-
ceção de War com suas partidas intermináveis) e “stop”
que a gente define as categorias no papel e decide a letra
com adedanha. Quando era criança, minha melhor ami-
ga e eu brincávamos muito de escritório, usando um te-
lefone velho e uma máquina de datilografar que, hoje,
decora a minha sala e volta e meia tenho que explicar
para uma criança que se trata do computador de antiga-
mente. Achava que era o melhor emprego da vida. Outra
brincadeira que adorávamos era “mulheres mais ricas do
mundo”. A gente vestia uns casacos que acendiam umas
luzes, tomávamos banho de espuma na banheira e comía-
mos o nosso almoço de bandeja no quarto. A gente acre-
ditava que aquela felicidade que a gente sentia ao brincar
era o que o dinheiro poderia proporcionar... Como é duro
perder a inocência!
Que falta faz o Reinaldo Pimenta, um organizador de
jogos para adultos que se “aposentou” dessa ativida-
de. #voltareinaldo!!! Eu o contratei algumas vezes para
coordenar um quiz em casa. Separar o grupo em ho-
mens contra mulheres, a guerra dos sexos, tornava a
noite ainda mais divertida. Alguém conhece um anima-
dor substituto? Vive melhor e mais feliz quem preserva
o espírito que surge em nossa infância e que a socieda-
de nos força a abandonar na vida adulta. Já é hora de
nos permitir brincar mais.
MAGAZINE CASASHOPPING
127