Magazine 58 - page 132

O baralho moderno é, portanto, uma grande mistura de
influências e data do século XVI (antes eram 55 cartas),
quando o pintor francês Jacquemin Gringonneur criou
os desenhos clássicos, sob encomenda do rei Carlos VI
da França, para que representassem mais claramente a
divisão da sociedade da época. No fim das contas, as
formas que se popularizaram foram as mais fáceis de
imprimir – no caso, as francesas. Diante dessa mistura,
as letras permaneceram da influência inglesa (Q, de
queen, para rainha; J, de jack, para valete, K, de king,
para rei), enquanto as figuras são da corte francesa.
Voltando às terras tupiniquins, o baralho mais
tradicional no Brasil é o 139, fabricado pela Companhia
Paulista de Papéis e Artes Gráficas (Copag) desde 1923.
Fundada quinze anos antes por Albino Gonçalves, que
vinha de um empreendimento de papelaria em geral, a
empresa se especializou na fabricação de cartas – não
apenas de papel. Este baralho é tão marcante para o
país que o dia do baralho foi criado para homenageá-
lo: 13 de setembro. Hoje, é possível encontrar baralhos
nas versões de cartão
couché
ou 100% plástico, o que
é essencial para que sejam usadas em diferentes jogos.
“Para o pôquer, onde os jogadores mantêm as cartas
viradas de cabeça para baixo na mesa, que requer
Diante de tantas histórias – aqui resumidas para que o
leitor não se canse com tantas especulações –, foi apenas
no século XX que se cunhou o que se acredita ser a mais
plausível das teorias sobre o surgimento do baralho. Foi
em 1938 que o pesquisador L. A. Meyer concluiu que os
baralhos popularizados pela Europa têm origem árabe,
das cartas mamelucas, no que diz respeito a sua forma
gráfica e estrutural, com simbologia própria por questões
culturais. Há exemplares dessas cartas no museu Topkapi
Sarayi. Essa versão foi abalizada nos anos 70, por estudos
dos membros da International Playing Card Society (IPCS),
como o Prof. Sir Michael Dummett, da Universidade de
Oxford, nos EUA.
Na Europa, as evidências mostram que os jogos de cartas
começaram a se desenvolver a partir dos anos 1370,
em países como França, Itália, Espanha e Holanda. Os
jogos mamelucos ainda hoje têm influência no bridge,
tradicional nesses países. Sendo assim, fica difícil definir
o grande criador do baralho, mas é muito claro que o
modelo adotado hoje é parte de uma evolução acontecida
no continente europeu, mais especificamente uma mistura
da realeza francesa (com as figuras de valetes, damas, reis
e jockers) e das influências espanholas, que deram os
nomes dos naipes: copas (clero), espadas (nobreza), paus
(camponeses) e ouros (burguesia).
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