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Willem de

KOONING

A paisagem e a

mulher na paisagem

VANDA K L AB I N

E

m fevereiro deste ano, o bilionário e colecionador David Geffen voltou a mexer

com o mercado das artes ao arrematar, por meio bilhão de dólares, duas pintu-

ras abstratas. Somente por uma delas,

Interchanged

, ele pagou 300 milhões de

dólares, algo próximo de um bilhão de reais. O autor da peça é Willem de Kooning,

holandês de Rotterdam, mas radicado nos Estados Unidos desde os 24 anos.

A trajetória do jovem Willem de Kooning rumo ao abstracionismo de sua obra

tem elementos bem concretos. Em seu caminho para a América, ele leva na

bagagem os sofrimentos dos imigrantes europeus da depressão que seguiu o

fim da Primeira Guerra. Mas leva também tanto a formação como aprendiz de

artes, em uma empresa que trabalhou desde os 12 anos, quanto a influência do

Expressionismo europeu e os primeiros passos rumo ao abstrato, nas cores de dois

de seus antecessores holandeses, Van Gogh e Mondrian.

E a arte foi seu caminho nos Estados Unidos, primeiro em Nova Jersey e, em se-

guida, em Nova York, onde se estabeleceu aos 27 anos. A abertura de seu trabalho

começa com um programa americano de inclusão de artistas através da interven-

ção em obras públicas – ele convidava os artistas para realizar grandes murais ur-

banos, como parte do projeto de apoio social criado pelo New Deal de Roosevelt,

em 1933. Nessa época, já mostrava seus traços libertários no imenso afresco para

a Feira Internacional de Nova York em 1939, seguindo a linha expressionista do

armênio Arshile Gorky e do cubismo e surrealismo de Pablo Picasso.

Nessa época, tornou-se um amigo fraternal de Gorky, com quem dividiu um ateliê,

e de Jackson Pollock, ainda no programa do governo. É nessa época que seu traço

inquieto, quase destrutivo, começa a se consolidar – e a refletir o seu estado de

espírito em relação à pintura. “A arte não parece me apaziguar ou me purificar; não

penso na arte como uma situação de conforto”, disse, ao analisar o seu trabalho.

Interchange

, de 1955, a obra de 300 milhões de

dólares, recorde mundial no mundo da arte.

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