MAGAZINE CASASHOPPING
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grafismo
Antebraço, pescoço, mãos são partes do corpo muito
escolhidas para os desenhos. A maquiadora Carla Biriba
é uma apaixonada por tatuagem. “Fiz a primeira aos 17
anos por rebeldia e não parei mais. Para mim é um gran-
de adorno do meu corpo. A maioria não tem significado.
É simples amor, acho lindo. A estética me comove”, diz a
profissional que já perdeu a conta de quantos desenhos
tem pelo corpo. “Hoje conto por partes do corpo”, diz
Carla que já cobriu os braços, meia perna, tem nas costas
e nas mãos.
Ao longo do tempo, o álbum de referência – com
imagens prontas de ideograma, estrela, dragão, coração –
ficou para trás. “Os meus estão guardados como recorda-
ção de uma época”, diz o tatuador Leo Novaes que traba-
lha no mercado desde os anos 80. Hoje o cliente já chega
ao estúdio de tatuagem com uma ideia pronta na cabeça,
referências de imagens selecionadas na Internet e guar-
dadas no celular. Sempre tem e terá o desenho da moda:
estrela, coração, ideograma, coroa, símbolo do infinito. O
que acaba marcando o tempo. “Hoje procuram o splash
de tinta e um desenho mais desconstruído”, entrega Leo.
O conceito de desconstrução ou grafismo é bastante
procurado hoje. “Chamamos de
blackwork
ou trabalho
em preto que pode ser desde desenhos geométricos até
ideogramas, desenhos polinésios. A grande loucura hoje
é que todo mundo quer ser diferente no conceito que é
igual. Tatuagem sempre é tatuagem. Com o avanço da
tecnologia das máquinas e tintas, é possível fazer coisas
incríveis”, diz Leo.
A tatuagem “tendência da vez” ganha cada vez
menos seguidores. “Hoje, 100% dos desenhos que eu
faço são exclusivos”, conta Daniel Tucci. Nos estú-
dios dos profissionais Leo Novaes e Robertto Tatau
também acontece o mesmo. Então, o indicado é que
primeiro se escolha o desenho dos sonhos e depois
pesquise o profissional ideal para realizar o trabalho.
“Antigamente, o tatuador tinha que saber fazer bem
todos os tipos de desenho. A gente jogava nas 11.
Hoje, existem estúdios especializados em tipos de
tatuagem oriental, gráfico ou
oldschool
, por exemplo,
e estúdios com profissionais que atendem a diferentes
perfis”, lembra Daniel Tucci.
A flor é um desenho que nunca sai de moda. “Ela tem
um formato anatômico e o nosso corpo é cilíndrico,
encaixa bem legal em diferentes locais do corpo como
braço, perna, costas. Para acabamento, flor é perfeito.
Bem diferente de uma mandala, por exemplo, que é
um desenho ideal para fazer no meio das costas e evitar
locais com dobras”, explica Leo. E alerta: “Nem tudo que
está no papel é tatuável”. Não basta somente chegar
ao estúdio com referência no celular. “A gente avalia a
foto, vê se é possível dentro do local escolhido, pensa no
tamanho e nas cores. Geralmente, o cliente volta no dia
seguinte para fazer. E muitas vezes me nego a fazer o
trabalho por perceber que a pessoa está fazendo isso por
moda e vai se arrepender. Já recusei fazer uma tatuagem
em uma mulher de 18 anos e em um rapaz que queria
fazer no pescoço. Eu senti pela personalidade deles que
viria o arrependimento. Hoje os dois já me agradeceram.
Regiões como pescoço e mão também são motivos de ar-
rependimento. Se vejo que a pessoa tem alguma sombra
de incerteza, prefiro não fazer. Evito também fazer rosto,
nome de namorado, infinito no pulso”, diz.
Ícones da natureza e da sustentabilidade em alta com
um toque de mensagem social
“Hoje,
transgressor
é quem não tem
tatuagem”