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Foto: Francesc Guillaumet

Quem experimenta uma pimenta dá um salto. No

tempo, inclusive, já que os pratos mais quentes só che-

gariam à Europa através das experiências exóticas mais

recentes, como as das culinárias de indianos, tailandeses

e indonésios. Na hotelaria, a parcimônia ainda é palavra

de ordem, embora o vermelho das pimentas bascas já

seja protegido com denominações de origem e com o

encanto que proporcionam, enquanto são postas a secar,

aos cachos, do lado de fora das casas expostas ao vento

salino do Golfo de Biscaia.

Na literatura universal, a expressão “piment”, em

francês ou em inglês já está presente desde o século XI.

Denominava os pigmentos de tintas – quem diria, as

pimentas começaram, de fato, na pintura. Mas definiam

também uma combinação de vinho, mel e especiarias.

O dicionário da Academia Francesa já fala das restrições

a seu uso – e de seus efeitos, ditos afrodisíacos – na

ordem de abadias, que a consideravam excessivamen-

te irritante e “aquecedora”, nas palavras do abade

de Cluny, Pierre, le Vénérable. As pimentas pretas e

brancas, que não têm nenhuma relação com as espécies

coloridas, serviram, desde Apicius, para treinar os euro-

peus para o paladar que viria.

Hoje, os chefs mais medalhados do mundo contam com

dezenas de pimentas em suas despensas. Todas elas com

uma aplicação diferente, do aroma frutaso à picância

que imprime. Mas a escolha é mesmo difícil. A botânica

contabiliza mais de três mil tipos de espécies, subespécies

e variedades somente de pimentas vermelhas. Mas a

culinária multiplica esse número ao relacionar as pimen-

tas, conforme a maturidade, o tamanho, a secagem e

até a cura, como a defumagem, ou ainda a sua apresen-

tação, como pastas, pós, molhos e conservas. Colhidas

frescas, as pimentas nascem verdes, tornam-se amarelas

e maturam vermelhas. E podem ser muito suaves ou peri-

gosamente picantes, em níveis tão diferentes que a escala

Scoville, criada para medir o calor de cada espécime, com

graduações que vão de zero, do pimentão, a 500 mil de

espécies como a

moruga scorpion

, de Trinidad-Tobago ou

a

bhut jolokia

, da Índia – traduzindo essa escala, o calor

de uma gota dessa pimenta só perde a sua força com

meia tonelada de água.

Na página ao lado,

pimentas-de-bode em balcão de mercado:

incandescência brasileira

À direita, o efeito decorativo das

pimentas mexicanas, sugestão

para centros de mesa

Foto: Takeaway

MAGAZINE CASASHOPPING

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