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Quem puder dar um pulo em Los Angeles, mais exa-
tamente na 304 da Broadway South, vai poder fazer
isso, conhecendo uma obra do século XIX, que partici-
pou desse clássico do cinema moderno. Isso mesmo. O
edifício Bradbury foi construído em 1893, por George
Wyman com projeto do arquiteto Sumner Hunt para o
milionário Lewis Bradbury, e quase 100 anos depois virou
esse “coadjuvante” de cenas marcantes do filme, como a
chegada do geneticista amigo dos brinquedos Sebastian
(John R. Isidore) no apartamento com a replicante Pris
(Daryl Hannah), e também na sequência final entre
Deckard (Harrison Ford) e Roy (Rutger Hauer).
Quem passar por lá verá as lindas escadas de mármo-
re, ornamentadas com ferro, sua imensa claraboia e os
elevadores gaiolas, que já participaram de muitas outras
produções, como Chinatown (1974), Máquina, Mortífera
4 (1998) e O Artista (2011). A obra é considerada um
marco histórico da cidade, foi tombada e é o mais antigo
edifício comercial do Centro de Los Angeles. Agora, se
gostou da ideia, saiba que na mesma cidade é possível
visitar, ainda, um outro local, também usado em outros
longas (Chuva Negra/1989, A Hora do Rush/1998), e
que serviu de inspiração para o loft de Deckard, aquele
em que ele é surpreendido por Rachael (Sean Young) e
depois vivenciam uma tórrida cena de amor.
Estrutura diagonal da Tyrell Corporation: influência
em prédios europeus três décadas depois.
A sequência de toda
essa influência chega
neste ano com Blade
Runner 2, estrelando o
mesmo Harrison Ford
no papel-título.
O ambiente foi reproduzido em estúdio da Warner
Bros. pelo cenógrafo Charles William Breen e tomou
como base a Ennis-Brown House, exótica casa estrutu-
rada em blocos, como os templos Maias, e projetada
pelo arquiteto Frank Lloyd-Wright para o casal Charles
e Mabel Ennis. O patrimônio também foi tombado
e pertence ao bilionário Ronald Burkle. O cenário,
infelizmente, já não existe, mas o filme deixou ainda
sugestões que se vê, hoje, em Londres, Madri e, claro,
Dubai. Uma dessas sugestões está na abertura do
filme, com as instalações da Tyrrell Corporation, a
fábrica de androides, com suas linhas diagonais, no
desenho externo, e com as amplas salas e suas colu-
nas neoclássicas, no interior.