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O projeto de Kuma ocupa o mesmo local do Estádio

Olímpico de Tóquio de 1964, de Kenzo Tange, demo-

lido em 2015 para dar lugar à nova estrutura. Foi no

ginásio desse antigo estádio, todo em concreto, que

Kuma, aos 10 anos, decidiu ser arquiteto. “Meu pai

me levou lá para nadar”, lembra Kengo Kuma, que

antes queria ser veterinário porque gostava muito de

gatos. “O que mais me impressionou foi a luz natural

vinda de cima. Nunca mais esqueci do comentário de

um nadador que disse ter se sentido no paraíso”.

Kengo Kuma, hoje com 62 anos, cresceu no

boom

de construções que marcou o pós-guerra em Tóquio.

Enquanto os colegas de colégio viviam em apartamen-

tos mais modernos, ele morava numa casa de madei-

ra no estilo das tradicionais construções japonesas.

Seu interesse por design foi despertado cedo. Nunca

esqueceu uma caixa de madeira do designer alemão

Bruno Taut, comprada pelo pai nos anos 70. “Pela

primeira vez, vi num objeto a combinação do material

com o minimalismo de traços”.

Olhar para os projetos de Kengo Kuma é como estar

diante de um lego gigante. Com uma diferença, as peças

são de materiais leves e diversos, incluindo até papel,

num encaixe perfeito. O resultado é uma superfície di-

nâmica que brinca com vazados, luz, sombra e múltiplas

formas. Um dos segredos do arquiteto está na parceria

com artesãos e na maneira inusitada de segmentar e

replicar o material usado formando geometrias incríveis.

Um dos casos mais interessantes foi a construção da Casa

de Bambu, um dos hotéis na Muralha da China, em 2002. O

projeto brinca com a geometria dos bambus e o conceito do

monumento integrado à natureza. “Aprendi com os carpin-

teiros chineses como cortar o bambu, que deve ser em agos-

to e setembro, quando tem menos açúcar e deteriora menos.

A longevidade de um material desses é 20 anos”, conta.

“É impossível dominar a natureza, porque ela é muito

mais forte do que nós”, afirma o arquiteto, que mudou

radicalmente sua maneira de pensar depois do terremoto

de abril de 2011 no Japão.

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arquitetura

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