Fim de refeição? Não. Fim da primeira etapa. Inicia-se
estão a segunda metade do menu. No braço do garçom,
um brasileiro destacado especialmente para os compa-
triotas, a peça de
prime rib
maturada, que vão preparar
com pós de pimentas, cebolas e gengibres para um
resultado rico, de sabor profundo. O pato chega com
cerimonial idêntico, mas já pronto, assado com lavanda
e funcho, com o seu
magret
servido em triângulos que
facilitam o corte. E uma compota de nectarina. O molho
que vem junto é de se raspar com o dedo.
Uma seção nostálgica toma a parte final da degustação:
chega uma cesta de piquenique com uma cerveja I.P.A.
feita por encomenda, com uma caixinha de pretzels. A
seguir, duas desconstruções, ainda com reminiscências
da infância americana: o
root beer
¸ com o creme de uma
raiz, a sassafras; e um cheesecake refeito com morangos
e
sorbet
de… pimentão. Ambos espetaculares.
No fim, um truque de mágica, daqueles que irritam
o comensal, frustrado pela jogada bem-feita. Enfim,
as cartas leram os sabores dos chocolates ao sal, todos
diferentes, do damasco à avelã, que já estavam diante de
cada um à mesa. Todas essas cenografias dão um toque
lúdico ao fundamental: a cozinha primorosa, feita com
seriedade, mas apresentada com humor – e com amor,
constatado quando o cliente visita a cozinha.
E humor, repito, é ingrediente obrigatório para quem
encara quatro horas e quinze minutos de degustação.
Para arrematar, tal como na entrada, um pacotinho
com um sortimento de gingerbreads – “
for your break-
fast, perhaps
”, em uma assinatura que está virando
moda em Nova York.
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MAGAZINE CASASHOPPING
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gastronomia
Criatura e criador: a vichyssoi-
se de ostras e o chef à frente
da cozinha, da casa e do
mundo da gastronomia.