

Cozzo e mosaicos de Paulo Werneck, instalados
num “templo grego”. E o Ministério da Educação,
considerado por alguns críticos xiitas uma “antí-
tese” do
Art Déco
. Eu o vejo bem aparentado com
o estilo, seja nos móveis, esculturas, painéis e na
semelhança com um
paquebot
pelas torres azuis.
E nesse novo bairro do Castelo, os magníficos pré-
dios na Avenida Beira-Mar da década de 1930,
onde em um deles se instalou a Standard Oil (hoje
IBMEC) e, ao lado, o Edifício Novo Mundo, uma
grata renovação, reinaugurado poucos meses
atrás. Um verdadeiro portal
Art Déco
do bairro.
No Flamengo, Glória, Catete e Laranjeiras, são
muitos os exemplos importantes... Se o Biarritz pode
ser considerado o mais emblemático na Praia do
Flamengo, quase ao lado temos o Tabor Loreto, da
mesma dupla de arquitetos franceses Henri Sajous
e Auguste Rendu. Bem perto, na rua Paissandu,
dois são incontornáveis: a Casa Marajoara, sím-
bolo do
Art Déco
brasileiro que bebia nas fontes
indígenas, e o Edifício Paissandu, com vitrais, pisos
em mármore de desenho cubista, detalhes de ser-
ralheria e marcenaria preciosos, fruto do cuidado
da Construtora Pederneiras, que assina o projeto.
Na Glória, bem pertinho da Villa Venturoza, o
Edifício Ipu, antes Hotel Pax, concorrendo com o
Hotel Glória, de estilo
Streamline
, tem um síndico
atuante, Ronald Pimentel, que fez dele um sím-
bolo de resistência.
Quando o Rio de Janeiro descobriu Copacabana,
animado pelo sucesso do Hotel Copacabana
Palace, ao redor dele se formou um enclave único
de prédios
Art Déco.
O Rio se tornava um ver-
dadeiro
play-ground
internacional, e não eram
poucos os estrangeiros que queriam ter como
segunda residência um
pied à terre
em nossa
cidade, por isso, é nesse bairro, talvez, a maior
concentração de construções do estilo, concor-
rendo com o Castelo. Claro que aqui, à beira da
Avenida Atlântica, estamos falando de prédios
residenciais. É no Lido, ao redor do Copacabana
Palace, que se encontra provavelmente a maior
coleção de edifícios no estilo
Art Déco
.
Tenho sido muito consultado pelos síndicos do
bairro. Quando vejo nos
halls
sociais uma passadeira
vermelha, muitas vezes até coberta por um plástico,
digo logo: “Ok! Consultoria grátis fazemos sim. Mas
só depois que retirarem essa aberração. Cobrem,
à revelia dos arquitetos que os desenharam, pisos
maravilhosos, muitos em mosaicos de pastilhas ou
mármores. Felizmente, já consegui retirar a famige-
rada passadeira de alguns, como a do Edifício OK,
de 1928. Em outros, como o icônico Itahy, à Avenida
Nossa Senhora de Copacabana, 252, que tem uma
Índia no pórtico, assinado por Pedro Correia de
Araújo, o síndico, quando sabia que eu ia visitar, reti-
rava a passadeira para depois recolocar. O mosaico
em pastilhas do chão, reproduzindo ondas e peixes,
é de uma beleza ímpar. Bem ao lado, o Edifício Itaoca
é outro exemplar da vertente Nativista. O pórtico em
majólica com motivos de muiraquitãs amazônicos,
compensa o que já tiraram do original.
Mas existem exemplos de ótima conservação. O
primeiro prédio alto da Avenida Atlântica, o Edifício
Lellis, na esquina de Rua Barão de Ipanema, con-
serva o mesmo elevador desde sua inauguração,
talvez um dos mais antigos da cidade. Você sobe
e volta no tempo.
Fé e perseverança são as palavras-chaves para
todos os que pretendem preservar um patrimô-
nio e deixar como herança aquilo que nossos pais
e avós nos legaram. • •
Casa de Laranjeiras, Rua das Laranjeiras, 490. Projeto de
1930, retrofit feito em 2016 pelo Instituto Art Déco Brasil e
Prochnik Arquitetura
Foto: André Nazareth
• • art déco
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