O interesse começou bem antes, com o encanto
que sentia pelo edifício A Noite, no Centro, onde
ia acompanhar a mãe, Maria de Lourdes Alves,
que comandava o programa Clube Juvenil Toddy
na Rádio Nacional. De colecionador, Marcio pas-
sou a vendedor e começou com um
stand
no
Primeiro Salão de Antiguidades que aconteceu no
Copacabana Palace. Teve uma barraca na Praça XV,
uma loja no Rio Design Leblon e na Rua Pacheco
Leão onde agora funciona um restaurante. A
faculdade de Letras e a Esdi ficaram pelo caminho,
incompletas, mas Roiter, um autodidata, foi se for-
mando pela vida, pelos livros e publicações sobre
arte que ele coleciona aos milhares. “Tenho mais
de cinco mil livros. E já publiquei também cinco,
sempre sobre Art Déco”, diz ele. São tantos títu-
los que, no segundo piso do apartamento, sempre
cabe mais uma estante para acomodar os volumes
que ele alisa com carinho. O lugar de destaque
fica com a coleção dos portfólios autênticos de
1920, com cerca de 40 pranchas cada, a maneira
que os designers de móveis tinham de apresentar
seus modelos. Mas tem lugar também para uma
jacuzzi e uma sauna no terraço, porque quem
milita há tantos anos pela preservação do estilo
tem que descansar, não é?
Marcio transformou um apartamento de três
quartos em apenas sala e quarto e conta que
a escada caracol que existia foi projetada pelo
arquiteto Jorge Eduardo Hue. “Ela ficou maravi-
lhosa, o que já aguentou de peso...”. E não dá
para descrever tudo o que o pesquisador dispõe
pela casa, mas o impacto vem logo na entrada,
com o lindo vitral no fundo da sala, de Formenti.
Todo o ambiente é sóbrio, bem masculino, com
móveis que transpiram história. As coleções se
multiplicam: peças de Lalique, Sabino, Schneider
e Gallé de cortar a respiração. Nada é ao acaso,
displicente, todas as peças conversam entre si.
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