Felipe Bronze é um mestre, e não é de hoje, em
transformar receitas simples e descomplicadas
em obras de arte que instigam e surpreendem.
Lá no começo de sua trajetória, auge da cozinha
molecular, um vendaval que soprou da Espanha
(e mandou para o espaço qualquer regra, pre-
ceitos e sisudez à mesa), Bronze fez muita, mas
muita espuma e fumaça pelos salões de seu res-
taurante do Jardim Botânico. Para desavisados,
podia lembrar uma instalação de vanguarda de
alguma bienal mundo afora. “Ohh!”, exclama-
vam boquiabertos os clientes que baixavam em
peso na casa: “Meus pratos combinam razão
com emoção”, diz Felipe. “Há restaurantes que
saciam a fome do corpo, já outros, investem
na fome da alma”. Agora, em nova fase, com
cozinhas de propostas gastronômicas diferentes,
Bronze continua investindo no visual de tudo
que cria e serve. Podem trazer uma pegada mais
minimalista, como no caso desses dois cilindros
com crustáceos e abóbora, dispostos no centro
de uma cerâmica em formato de folha. Beleza
pura. E, na hora de compor a sobremesa, um
bolo crocante de chocolate quentinho, escoltado
pelo sorvete de banana e a torta de limão, o chef
aposta numa simetria que remete às formas de
Oscar Niemeyer: o doce não lembra um pouco a
sede do Congresso Nacional, em Brasília?
“OHH!”
O dourado em crosta de nozes e chips de abóbora ganhou ares
de escultura. Ao lado, a clássica torta de limão ganhou retoques
modernistas nas mãos de Thomas Troisgros
Foto Lipe Borges
Estética modernista na hora de montar o prato do Oro:
camarão combinado com abóbora
• • gastronomia
MAGAZINE CASASHOPPING
92